Numa segunda-feira dessas...


Não é brinquedo não! Acordar, caminhar, alongar, escolher e botar feijão de molho pro almoço do marido que precisa engordar, enquanto eu luto com uns 20 kilos de 'sobrepeso'...

Correr pro escritório, ligar o PC, responder emails, resolver B.O. (boletim de ocorrencia) encarar o trabalho e errar uns códigos que bagunçam tudo o que você demorou horas para desenvolver. Oh dó.

Uia! Onze e meia!!! Hora de ir pro fogão (com um calor desses)...

"Vai ser coxo na vida é maldição prá homem, mulher é desdobrável. Eu sou." - Foi o que disse a Adélia Prado. Deixo meu pedido de perdão eterno aos homens mas, eu tenho que concordar.

Bão, e se a gente parasse tudo para escrever no Olhar Feminino hein?
Ótima idéia!!!! Então, vou compartilhar um texto da Hilda Hilst, que tem tudo a ver com esse meu dia.




Tô Só

Crônica de Hilda Hilst para o “Correio Popular” de Campinas-SP

Vamo brincá de ficá bestando e fazê um cafuné no outro e sonhá que a gente enricô e fomos todos morar nos Alpes Suíços e tamo lá só enchendo a cara e só zoiando?

Vamo brincá que o Brasil deu certo e que todo mundo tá mijando a céu aberto, num festival de povão e dotô?

Vamo brincá que a peste passô, que o HIV foi bombardeado com beagacês, e que tá todo mundo de novo namorando?

Vamo brincá de morrê, porque a gente não morre mais e tamo sentindo saudade até de adoecê? E há escola e comida pra todos e há dentes na boca das gentes e dentes a mais, até nos pentes?

E que os humanos não comem mais os animais, e há leões lambendo os pés dos bebês e leoas babás?

E que a alma é de uma terceira matéria, uma quântica quimera, e alguém lá no céu descobriu que a gente não vai mais pro beleléu?

E que não há mais carros, só asas e barcos, e que a poesia viceja e grassa como grama (como diz o abade), e é porreta ser poeta no Planeta?

Vamo brincá
de teta
de azul
de berimbau
de doutora em letras?

E de luar? Que é aquilo de vestir um véu todo irisado e rodar, rodar…

Vamo brincá de pinel? Que é isso de ficá loco e cortá a garganta dos otro?

Vamo brincá de ninho? E de poesia de amor?

nave
ave
moinho
e tudo mais serei
para que seja leve
meu passo
em vosso caminho.

Vamo brincá de autista? Que é isso de se fechá no mundão de gente e nunca mais ser cronista?

Bom-dia, leitor.

Tô brincando de ilha.

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